sábado, 31 de dezembro de 2011

MEMÓRIAS - CAPÍTULO 9

MEMÓRIAS
CAPÍTULO - 9
Não há muita coisa para se falar sobre Campo Mourão, depois que o pai saiu do emprego em Capina da Lagoa, no escritório do dr. Rainoldo, foi indicado por ele, para um emprego de advogado no Expresso Nordeste. Nova mudança para outra cidade. Mudamos para uma casa, como eu já disse, dentro de um bosque, que era uma erspécie de reserva de mata natural que a empresa mantinha.
Papai viajava direto, mamãe trabalhava como professora num colégio particular. Fui para o colégio Santa Cruz, das freiras, por um bom período. Fiquei lá três anos, convivendo com a nata da sociedade mourãoense. Os filhinhos de papai, as patricinhas. Eu não tive muitos amigos neste período. O meu sotaque mineiro, não ajudou muito, pra variar.
Mas tinha a professora Ivete, minha mãe me deu aula também, uma época. Foi uma das minhas melhores professoras. O colégio tinha momentos divertidos, quando exibia alguns filminhos, exibia umas peças de teatro. 
Sabe o que era chato? No fundo da minha casa, ficava a entrada para a associação recreativa dos funcionários do Expresso Nordeste, e meu pai, quando saía do serviço, ao invés de ir pra casa, ia pra lá. Partidas de truco, tomava a cerveja com os outros funcionários da empresa. Minha mãe, que deve ter herdado um pouco do gênio da minha avó, ficava esperando ele de prontidão. Ele chegava, ela reclamava e o pau torava. Teve uma ocasião em que ele chegou de tanque cheio, ela ficou brava, falando que ia largar ele, que não sei o quê. Depois, deixou ele dormindo na cama, e veio deitar no meu colchão. Eu era o sortudo, pois meu quarto ficava de frente para a entrada. E eu é quem sofria. Bem, até hoje, se eu ver uma discussão de casal, inclusive alguma minha com minha esposa, meu coração dispara. Fico louco.
Minha mãe, diz que não entende porque eu fico assim. Tem coisas que a gente não deve responder.
Muitas vezes, meu pai faltou alguns compromissos conosco, por causa do Expresso Nordeste, mas entendam, ele fazia isso mais porque precisava do emprego. Eram as ditas reuniões sociais, onde os chefões gostavam de tê-lo perto, fazer um social com os eventuais clientes. Bom, essa foi a parte mais chata da minha infância. Peguei um enorme rancor daquela associação, se eu pudesse, poria fogo naquilo, e mandaria salgar, para que não crescesse mais nada ali.

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