segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

REENCONTRO


Era um barzinho no centro da cidade. Foi ponto de encontro dos dois há muitos anos, e agora, estava ele ali, para um reencontro. Ele a viu entrando pela porta do barzinho. Os anos haviam sido generosos: ela continuava bonita, elegante, com aquele charme moreno, aquele sorriso que brilhava como o sol. Sentiu seu coração disparar igual um adolescente. Era engraçado, mas só ela tinha esse efeito sobre ele. Se levantou, ela se aproximou, ele puxou a cadeira para ela e sentou-se diante dela.
- Nossa, que bom você continua linda do mesmo jeito - começou ele, tocando gentilmente sua mão.
- E você continua sendo um perfeito cavalheiro. É, a gente vai se cuidando, não pode descuidar, né? E o que você me conta de novo? - começou ela, a voz sedutora, carinhosa.
Ele contou de tudo, do casamento que não deu certo, da filha que amava, do serviço que lhe tomava o dia, mas estava indo muito bem. Ela contou do ex-marido, um "tremendo preguiçoso", que jogava tudo nas costas dela, dos filhos que também eram sua alegria, do serviço que continua uma loucura. Relembraram os bons momentos juntos, as vezes que terminaram e voltaram.
- Fico muito feliz que você tenha querido falar comigo. Estava morrendo de saudades - disse ela, tocando sua mão delicadamente.
- E eu fiquei com medo de que você não quisesse falar comigo. Senti muito sua falta.
O olhar, todo o clima. Como que se tivesse combinado pelo olhar, levantaram-se, ele pagou a conta, saíram de mãos dadas. A noite era uma criança. Reencontro.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A XÍCARA DE CAFÉ

A XÍCARA DE CAFÉ


Deixou a xícara de café fumegando em cima da mesa. Olhou para a foto na parede, ela estava tão bonita naquele mesmo vestido que usava quando o conheceu. Uma morte estúpida: cair de uma porcaria de um cavalo numa fazenda. Como pode meu Deus?
E agora estava ele ali, vendo aquele apartamento tão ajeitado, as coisas compradas com tanto carinho, tudo em seu devido lugar. E ele ali, agora sozinho, como um estranho, como um fantasma perdido sem rumo no mundo. E era realmente assim que ele se sentia.
Olhou novamente a xícara de café, fumegando em cima do píres. A bebida turva, esfriando lentamente. Fazia parte de um grande conjunto que ela havia comprado. Havia escolhido tudo à dedo. E agora estava ali, no armário, pegando espaço.Praticamente igual a ele, pegando espaço no mundo.