sexta-feira, 30 de março de 2012

UM ACORDO JUDICIAL NADA CONVENCIONAL

UM ACORDO JUDICIAL NADA CONVENCIONAL


Essa aconteceu com um colega, em seu início de carreira, nos primeiros tempos de advocacia. Estava ele, em seu escritório, numa pequena comarca do interior do Paraná. Foi quando entrou um sujeito, um homem alto, magro, deveria ter uns quarenta anos mais ou menos. O homem pediu licença, o advogado mostrou-lhe uma cadeira. Assim que o homem se sentou, o colega falou:
- Pois não, o que posso fazer pelo senhor?
- Doutor, é o seguinte: eu peguei a vagabunda da minha mulher na cama com outro sujeito. Peguei meus filhos e fui embora de casa. Levei eles pra uma fazenda que eu tenho lá no Paraguai. Lá ela não chegava perto. Estávamos muito bem, tudo certo, mas eu precisei voltar, porque minha mãe tava muito doente, e ela queria ver meus filhos. Pois bem, na hora em que eu tô passando pela fronteira com eles, um guarda parou, falou que tinha uma ordem judicial de apreensão dos meus filhos. Doutor, a vagabunda subornou um policial pra ficar de olho, na hora em que eu passei, ele pegou meus filhos. O que eu faço doutor.
Com muito jeito, o colega foi conversando, tomou conhecimento da ação que a mulher ajuizou pra tomar a guarda dos filhos. Ligou para o colega que representava a dita cuja, o mesmo atendeu na hora e conversaram sobre um acordo. Ficou marcada uma reunião no escritório do colega que ficava em outra comarca próxima. No dia da reunião, quando o advogado e seu cliente chegaram, a mulher já estava lá com o advogado dela. Bom, foi aquela educação maravilhosa: sua isso, seu aquilo, e a coisa foi indo. Os advogados entrando no meio da conversa, e por aí foi indo. Até que num determinado momento, a mulher virou-se para os advogados e perguntou:
- Eu posso conversar com ele, só um pouquinho sozinha, sem vocês?
Os dois advogados olharam-se e concordaram. O casal entrou para uma sala reservada e lá ficou por mais ou menos uns quinze minutos. Quando saíram, o advogado perguntou ao seu cliente:
- E aí rapaz, o que aconteceu?
- Um acordo doutor: ela fica com os filhos, o sítio, uma parte do dinheiro no banco e mais algumas coisas.
- Mas homem, você não tava dizendo que não ia ter acordo?
O homem olhou para o advogado, com aquele sorriso de safado e disse:
- Doutor, ela fez valer a pena rsrsrs.
Dedução: obviamente ela transou com o cara dentro da sala do escritório. Vê se dá pra aguentar.

sábado, 24 de março de 2012

A MAIS IMPORTANTE CONVERSA DA MINHA VIDA

A MAIS IMPORTANTE CONVERSA DA MINHA VIDA


Sabe aquele dia, em que você simplesmente quer sumir, quer que o mundo acabe? Eu estava assim, me sentindo desse jeito. Foi quando resolvi, num fim de semana, subir uma serra. Era um lugar alto, bonito, tranquilo. De lá eu podia ter uma vista linda do vale inteiro. Armei a tenda, arrumei as coisas. Sentei-me, já perto do meio-dia, na beira de um penhasco. Não, não estava com idéia de suicídio, não era minha intenção. Eu só queria um pouco de paz. Comecei a repensar minha vida, em vários momentos dela.
Foi quando eu peguei uma pedra do chão, uma pedrinha. Fiquei olhando, admirando ela, sem um motivo especial qualquer. Uma voz dentro de minha mente falou neste momento:
- Meu filho, não temas, eu estou aqui.
Eu percebi de quem era aquela voz. Deixei a pedrinha de lado, fiquei olhando o vale. Uma brisa fina soprava, refrescando um pouco do calor.
- Senhor, eu tenho andado tão desesperado, são tantos problemas na minha vida.
- Meu filho, não temas, a cruz do madeirio, aquela que dilacerou Minha carne, foi onde Eu carreguei suas dores. Eu carrego você meu filho, todos os dias da sua vida. Você é um dos meus filhos amados, não deixarei que tu sejas abandonado.
- Senhor, mas é tanta dor, tanto obstáculo.
- Não se pode dar agora, explicações, mas tu deves confiar em Mim, que sou o teu Pai. Nunca te deixarei, não te preocupes.
- Pai...
- Meu filho, tudo será resolvido, você verá as maravilhas de minha obra dentro de tua vida. Confia.
- Eu confiarei meu Senhor.
Naquele momento, o vento parou, olhei o vale diante de mim. Meu Deus, o Senhor falou comigo. Uma paz invadiu meu coração naquele momento. Eu senti que tudo daria certo. Não haveria mais motivo para medo.
Eu confio em meu Deus.

sábado, 10 de março de 2012

A PROFISSÃO

A PROFISSÃO


Acordou, abriu os olhos naquela marra de levantar cedo, como fazia todos os dias. Olhou a esposa, bonitona do lado da cama. Levantou, foi para o chuveiro, tomou aquela chuveirada. A água morna do chuveiro deu uma relaxada. Saiu, se enxugou, pôs uma roupa e preparou o café. Bebeu um gole, deixou a garrafa com o pão arrumados sobre a mesa para que ela tomasse o café antes de ir para o serviço. Ele pegava mais cedo que ela.
Pegou a moto e saiu. O vento frio da manhã passava pela roupa, deixava-o gelado. Chegou na porta do serviço. Passou pelos dois seguranças da boca-de-fumo e os cumprimentou. Os seguranças, armados cada um com uma AK-47 e uma sigsauer na cintura, retribuíram. Ele era um gerente gente fina da boca. Mantinha os vagabundos em ordem, cuidava da cobrança (nisso ele era brabo).
Sentou-se atrás da mesa, logo de manhã, já tinha  nego viciado na porta, querendo um bagulho. Era cobrador de ônibus, pintor, lavadeira, todo tipo de gente. E ele ali, cuidando de tudo. Sua arma já guardada no canto. Ele se considerava esperto: andando de moto como trabalhador, neguinho não cismava que ele era do tráfico. A arma guardada escondida, não chamava a atenção. 
Era essa sua profissão, fazer o quê? Pobre, preto, só sabia ler e escrever porque o pai, jaguara velho, tirou ele da escola cedo, dizendo que estudo era coisa de vagabundo. A faculdade da vida é que acabou ensinando ele.
Parou de pensar, foi atender o primeiro freguês do dia.

terça-feira, 6 de março de 2012

O GRANDE MERGULHO

O GRANDE MERGULHO
 
 
Essa aconteceu com meu amigo Ronaldo, quando ainda era empresário do ramo de reciclagem de Rondônia. E vai ele, com o irmão e a família para o clube de Jaru, no interior de Rondônia. Lá chegando, se deparou com um baita tobogã, daqueles que mais parecem um edifício. Ele se virou para seu irmão, o Adelson e falou assim;
- Adelson, eu vou andar nesse negócio.
- Tá louco Ronaldo? Já viu a altura desse bicho?
Mas tudo bem, lá vai ele subindo naquele treco. Quando chegou lá em cima, Ronaldo ainda pensou se ia ou não. Foi quando passou uma menininha por ele, dos seus sete anos dizendo:
- Dá licença tio.
A menina pulou no tobogã e desceu. Ele viu e tomou coragem pensando:"imagina que eu vou perder pra uma pirralha dessas". E lá foi o Ronaldo. Sentou no tobogã e não tava descendo, foi quando um outro rapaz falou:
- Levanta um pouco, a tua sunga não tá deixando você ir.
Pra quê? O coitado não teve nem tempo de pedir socorro. Foi levantar desceu na toda, foi quando um abençoado falou:
- Cruza os braços.
E assim fez o Ronaldo. Aí, ele pegou mais velocidade, mas não se machucou quando o corpo bateu nas bordas do tobogã. Nessa hora, o Ronaldo até pensou em tentar parar, mas quando olhou pra cima, tinham mais uns três vindo logo atrás. Então, para não provocar um acidente pior, deixou correr. A cara dele, neste momento, parecia de um desenho animado, os olhos e a boca arregalados. Quando chegou na água, faltou pouco mais de dois metros para ele atingir a parede do outro lado da piscina. Assim que saiu da água, Adelson, já caindo na gargalhada, só perguntou para Ronaldo:
- E aí menino, é bom?
- Vai lá pra você ver como é bom.
- Nem por um  milhão rsrsrsrsrs.
Ronaldo só me disse depois:
- Rapaz, mas que vontade de pegar aquela menina e esganar.