segunda-feira, 17 de setembro de 2012

TENTANDO ACHAR A SOLUÇÃO

Hoje, agora, eu proponho uma coisa apra você: pense, reflita em alguma coisa que lhe agrade. é, coisas simples, relaxe, pense em coisas agradáveis para variar. Tente dizer que a vida é boa, mesmo que seja uma grande merda em que você afunde todos os dias. Afinal, você não pode culpar a vida pelos seus próprios  erros, é você quem faz suas escolhas, quem é responsável por seu destino. 
Pense em algo simples como: ver seus filhos dormindo no seu colo, tentando se sentir protegidos com você, um sorvete de casquinha, daqueles bem gostosos, num filme engraçado (uma boa comédia a la Jerry Lewis), dormindo numa rede gostosa com a brisa da tarde.Agroa que você pensou, relaxou, colocou seu espírito no lugar, pense realmente; há motivos para você se preocupar? É óbvio que tem gente que tem problemas bem mais sérios. Isso não deve ser nem discutido. O que eu quero é que você pense no seguinte: se o problema é realmente sério, será que não há um meio de solucionar isso? Não digo roubar, sequestrar, fazer uma merda qualquer. Não é esse o ponto. Mas será que você não pode resolver isso desabafando com alguém, pedindo uma grana emprestada, até o ponto que você pode pagar, tentar conseguir um emprego, tentar procurar um médico. Todas estas hipóteses são aplicáveis a diversos problemas. Portanto, é possível que você possa encontrar uma solução. Seja calmo, tranquilo, respire fundo, mantenha o terço na mão. Fé, isso é importante. Tente, você verá que a vida prossegue, e você consegue.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

CINEMA NA MADRUGADA ou SCARFACE

Madrugada, uma e meia da manhã. Insônia. Sentado diante da minha tv, na sala, uma xícara de chocolate quente, uma tigela de biscoitos (parece coisa de criança, mas eu gosto, e daí?), liguei o aparelho de tv. Lá estava ela, gostosa, linda e com uma cheirando carreira de pó, igual uma louca. A bela Michelle Pfeiffer, juntamente com Al Pacino, no muito emblemático e cult "Scarface". Era legal ver ele, no papel de refugiado cubano, à serviço do veterano Robert Loggia, com tesão pela mulher do cara, e tentando se manter como o chefão das drogas em South Beach.
Mas aqui, eu fico comparando com o filme original de 1930, com Paul Muni e Bóris Karloff, o interessantíssmio Scarface - a vergonha de uma nação. O filme era baseado num livro, que por sua vez, foi inspirado na vida do violento Al Capone. A sugestão de incesto, tão escancarada na versão de Brian De Palma, bem com as cenas de ação, mesmo para os tempos de hoje, aind continuam belíssimas. Tony Camonte (o personagem original), não perdeu em nada, o brilho de bandidão. Comparando as duas versões, embora alguns mais severos entendam o trabalho de De Palma, inferior ao original (não me enquadro entre eles), eu considero as duas de uma qualidade ímpar. A versão original, escancarou exatamente aquilo que as autoridades da época não queriam deixar tão evidente, e hoje é até lugar comum: a luta desigual contra a criminalidade, enraigada em nossa cultura de massa. Já a versão de De Palma, só mostrou o nível de violência à que os chefes da droga chegam para não perderem seu reinado.
Bom, em ambos os casos, o protagonista encontra seu ocaso, parafraseando uma frase bem conhecida "rei posto, rei morto".
Aqui vai minha dica para a madrugada.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

CORRIDA

Os pés firmes, movendo-se em compasso, o ar entrando nos pulmões. Sempre neste compasso. Não corre para competir, em alta velocidade (também chamada de corrida de explosão), corre simplesmente num passo mais acelerado. Passando pelos outros atletas amadores que estão no bosque, sem necessidade de nada, de nenhum pensamento. Uma moça bonita olha para ele, um sorriso delicado. Ele retribui, resolve aperar o passo, tentar se aproximar. 
Parece uma coisa engraçada, a mulher percebe que um homem tá querendo ela, e a filha da mãe resolve ir mais rápido. Ele acelera, vai se aproximando. Ela corre um pouco mais devagar, um pouco mais tranquila. 
- Oi, tudo bem? pergunta ele, já do lado dela.
- Oi, e aí, fazendo uma caminhadinha básica? - responde ela, com um sorriso que parecia um farol.
- É, um pouco. E você?
- Tenho que manter a forma, né? E aí, tá afim de um programinha?
Era uma garota de programa. Que beleza. Ele poderia dizer que não, que fosse para a merda, mas se considerasse que estava com mais de cinquenta anos, careca, uma barriga ainda meio grande, não poderia ter muita esperança de pegar uma gatinha destas na boa.
- Beleza, quanto?
Ela se aproximou.
- Faço bem baratinho, vamos pra outro lugar.
Eles saem da pista de corrida, entram no carro dele. Afinal, com uma gata daquelas, quem precisa de corrida?

terça-feira, 28 de agosto de 2012

NOTÍVAGO

Alta madrugada. Foi até a janela, acendeu o cigarro, ficou ali, fumando olhando o movimento da rua da janela do apartamento. Um ou outro carro, ocasionalmente uma prostituta caminhando, um ou outro transeunte. Nunca muita gente, a solidão.
Teria que ir num médico em breve, isso estava se tornando recorrente. Dormia pouco, e quando acordava, quase sempre atrasado, estava com sono. O cansaço, não conseguia desenvolver bem o trabalho. Motivos para isso, um milhão deles: o divórcio, a situação crítica da empresa onde trabalhava, correndo o risco de ir pra falência, a ausência de sexo, o regime forçado, tudo obrigando-o, pressionando-o. Sentou-se numa poltrona ao lado da janela. A luz do poste brilhando, entrando pela sala do kitchnete.
Esfregou a cabeça cansado, o dia não chegava, o sono não vinha. Cansaço, puro e simples. O estado crítico de sua mente. Em breve, acabaria esgotado. 
Não sabe em que momento, mas acabou dormindo, quando acordou sobressaltado, o dia já vinha começando a se insurgir pela janela. Levantou-se, viu a hora, espantou-se que não estava atrasado. Tomou um banho, preparou um café rápido, vestiu-se. Quando chegou na rua, e parou no ponto de circular, ficou olhando o movimento da rua. Quem sabe hoje à noite conseguiria dormir?

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

A BEBERAGEM

Para os não acostumados com o temo, beberagem é uma mistura, tipo um remédio feito à base de ervas naturais que curam segundo os antigos, qualquer tipo de doença, ou tenham outras finalidades menos nobres como o aborto, ou mesmo auxiliam em vários tipos de problemas como impotência. É neste último aspecto que nós vamos contar uma história interessante no interior de Rondônia.
Isso aconteceu em Jaru, nos idos de 2000, quando dois amigos, Rolando e Clemêncio, foram numa feira destas populares, onde se compra de tudo, galinha, carne, queijo caseiro, e principalmente remédios naturais. Rolando e Clemêncio, eram sócios numa firma de importação de polpa de frutas, comercializavam a polpa de frutas como açaí, pupuaçu, entre outras. Vieram do Paraná, onde deixaram as esposas e os filhos, aguardando, enquanto encontravam casa e escola. Até aquele momento, ambos estavam morando num hotel no centro de Jarú, cada qual ocupando um apartamento e a solidão de ficarem por ali sozinhos. Pois bem, Rolando havia ouvido falar que na feira de Jaru, iria encontrar uma beberagem de ervas cuja natureza era de deixar a pessoa mais animada, sem depressão. E por isso foram lá, esperançosos de encontrar o remédio. No meio da andança, Clemêncio, em meio à confusão de barracas encontrou a dita cuja que vendia remédios feitos à base de ervas.
- É ali Rolando, é aquela ali ó - disse ele, apontando o lugar.
Foram para a barraca, onde uma índia que devia ter mais de cem anos, pitava num velho cachimbo.
- Ô minha tia, que é que tem nessa garrafa aqui? perguntou Rolando, apontando uma das várias garrafas, esta com um líquido escuro, cheio de folhas e raízes.
- Tem de tudo fio; guanina, nó de cachorro, guaraná...
- Levanta o moral da gente? perguntou Clemêncio, já segurando a garrafa nas mãos. 
- Ô, e como fio. São vinte reais.
Compraram e levaram. A garrafa ficou na geladeira do escritório. E os dois, doidos pra aliviarem a tristeza, foram bebendo o negócio. Lá pela metade do dia, quando já tinham mandado mais da metade da garrafa pra dentro, apareceu um vendedor amigo dos dois de nome Tobias. Eles estavam negociando algumas sacolas plásticas para embalar a polpa congelada, quando ele perguntou se podia tomar uma água. Rolando falou que ele podia se servir da geladeira. Quando o vendedor abriu e se deparou com a garrafa, virou-se para os dois.
- Ô gente, sem querer me meter, mas vocês tem um hárem?
- Não Tobias, tá doido? Por quê? perguntou Clemêncio, enquanto marcava o montante da encomenda.
- Cês tão tomando esse negócio aqui, né?
- Sim, a dona falou que isso levanta o moral, e a gente, com saudades da família, tava precisando - justificou-se Rolando.
- Seus doidos, isso aqui é pra homem broxa. Cês vão ficar que nem tarado na porta de puteiro.
Rolando virou-se pra Clemêncio e disse categórico:
- Fodeu.
Literalmente, por sinal. Os efeitos da beberagem se fizeram sentir naquele mesmo dia, Rolando, pra dormir, teve que tomar banho gelado, e jogar a solitária três vezes. Clemêncio disse que a dele foram quatro. Quando viram que não ia dar para aguentar mais nada, um deles, Clemêncio, falou:
- Rapaz, eu vou pro Paraná, vou ver a mulher. Vou me internar com ela num motel bicho, não tô aguentando.
- Tô contigo, vou já pra lá - concordou Rolando.
Ficaram um fim de semana. Depois que voltaram, jogaram o resto da beberagem, o negócio era perigoso.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

VIAGEM AO MATO GROSSO

Ficou olhando a paisagem, enquanto mijava na árvore à beira da estrada. Fazia um calor daqueles, embora o cerrado, quase pantaneiro do Mato Grosso do Sul, estivesse verde. Quilômetros e quilômetros de pasto, de plantações de trigo. Ao longo da rodovia, uns quinze quilômetros para frente, um acampamento do MST. Até ali no Mato Grosso, aquele povo tava lá, enchendo o saco. Só sabiam fazer invasão.
Ele terminou, fechou o zíper e entrou no carro. A estrada continuava, reta, o asfalto liso.
Quando vinha ao Mato Grosso do Sul, sempre sentia que estava em outro mundo, tão diferente do Paraná, com aquele clima frio, um povo tão estranho, distante, frio. Pensou em como seria bom ficar por ali, vivendo em alguma cidade bem tranquila.
Passou pelo acampamento do MST, o povo todo parado, sem fazer nada. Nenhuma plantação, nenhuma cabeça de gado, as crianças correndo para todo lado. Onde estavam as escolas, onde estavam as melhorias, as  casas? Afinal, o que aquele povo estava fazendo ali, sem produzir nada? 
Parou de pensar neles, e continuou a viagem, tinha que chegar em Naviraí, entregar uns documentos na repartição. Um trabalho meio chato, mas pelo menos, permitia que ele viajasse, saísse do escritório de vez em quando. Quando entrou na cidade, tudo estava tranquilo, era uma cidade bem arrumada, bem estruturada, com um padrão de vida que parecia muito melhor do que o de onde ele morava.
É, dava vontade de ficar por lá mesmo.

terça-feira, 10 de julho de 2012

BRINCANDO COM BOLHAS DE SABÃO

Fiquei parado ontem, olhando minha filha brincando com bolhas de sabão no quintal da casa do meu sogro. O sorriso tranquilo, inocente, divertindo-se com aqueles fragmentos de ar enclausurados. Uma coisa tão simples, tão ingênua, e naquele momento, me pareceu um momento tão mágico quanto para ela. Às vezes, é bom perder um pouco de tempo com atividades tranquilas, com os filhos, com o cachorro ou gato de estimação. São momentos que nos fazem voltar à infância, e nos lembram dos tesouros que carregamos no báu da memória.
Olhando para ela, brincando e correndo, soltando suas bolhas de sabão pelo quintal, tentando assustar (sem n enhuma maldade no ato), as cachorrinhas minúsculas, eu mesmo vagueio um pouco pela minha própria mente. Sinto saudades dos tempos de moleque, garotinho em Minas Gerais (lá não existe o termo piá, tão comum aqui no Sul), quando brincava de bola com a garotada, até perto das oito da noite. Corríamos pelas ruas de terra do bairro, saboreando um refrigerante na venda do seu Antônio, brincando de pique-esconde.
Por que a gente deixa tudo isso de lado quando fica adulto? Por que criamos tantas responsabilidades? Será essa incessante mania do ser humano de sempre querer correr? Talvez.
No momento, não quero ficar pensando nestas questões, só quero ficar olhando minha filha brincar, enquanto eu mesmo evoco minha própria infância.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

AS ÁRVORES DO POMAR

Não posso dizer que tenha sido uma noite tranquila para mim, embora o sítio repousasse naquele sono gostoso da madrugada. Eu caminhei pela casa pequena do sítio. Andei pela sala, pela cozinha, onde tomei um gole de água da moringa, voltei ao nosso quarto. Berbela dormia na cama, o sono tranquilo. A beleza de seu rosto me dando aquela sensação de conforto, de sossego. Fiquei encantado um minuto com ela, mas voltei para a sala, não querendo atrapalhar seu sono.
Abri a janela, na esperança de que o ar fresco da noite me desse sossego. Eu não entendia a razão daquele desasossego, daquele desconforto. Era um afogueamento, um nervoso, um não sei que porcaria me tirando a tranquilidade da madrugada. E o pior é que eu teria que trabalhar no outro dia, mas não entendia aquela sensação.
Foi quando olhei as árvores do pomar, tão tranquilas, projetando suas sombras no terreiro do quintal. Eram grandes, mas sem serem enormes, eram um remanso naquele mar noturno. No alto de um pé de jaboticaba, uma coruja piou tranquila, enquanto eu  ficava olhando. Num outro canto, deu para ver um saruê passando pelo terreiro, trazendo alguma coisa pela boca, provavelmente, a comida. 
Todo esse movimento, toda essa flora, essa fauna. Eu andei olhando com calma, durante um tempão. Quando dei por fé, o sol já vinha no horizonte, com aquele brilho. Nesta hora, desejei ser como as árvores no pomar, quietas, plácidas, tranquilias. E não um homem, inriquieto, nervoso, um animal que se sente sempre acuado.
Parei com meus pensamentos, era hora de trabalhar.

sexta-feira, 30 de março de 2012

UM ACORDO JUDICIAL NADA CONVENCIONAL

UM ACORDO JUDICIAL NADA CONVENCIONAL


Essa aconteceu com um colega, em seu início de carreira, nos primeiros tempos de advocacia. Estava ele, em seu escritório, numa pequena comarca do interior do Paraná. Foi quando entrou um sujeito, um homem alto, magro, deveria ter uns quarenta anos mais ou menos. O homem pediu licença, o advogado mostrou-lhe uma cadeira. Assim que o homem se sentou, o colega falou:
- Pois não, o que posso fazer pelo senhor?
- Doutor, é o seguinte: eu peguei a vagabunda da minha mulher na cama com outro sujeito. Peguei meus filhos e fui embora de casa. Levei eles pra uma fazenda que eu tenho lá no Paraguai. Lá ela não chegava perto. Estávamos muito bem, tudo certo, mas eu precisei voltar, porque minha mãe tava muito doente, e ela queria ver meus filhos. Pois bem, na hora em que eu tô passando pela fronteira com eles, um guarda parou, falou que tinha uma ordem judicial de apreensão dos meus filhos. Doutor, a vagabunda subornou um policial pra ficar de olho, na hora em que eu passei, ele pegou meus filhos. O que eu faço doutor.
Com muito jeito, o colega foi conversando, tomou conhecimento da ação que a mulher ajuizou pra tomar a guarda dos filhos. Ligou para o colega que representava a dita cuja, o mesmo atendeu na hora e conversaram sobre um acordo. Ficou marcada uma reunião no escritório do colega que ficava em outra comarca próxima. No dia da reunião, quando o advogado e seu cliente chegaram, a mulher já estava lá com o advogado dela. Bom, foi aquela educação maravilhosa: sua isso, seu aquilo, e a coisa foi indo. Os advogados entrando no meio da conversa, e por aí foi indo. Até que num determinado momento, a mulher virou-se para os advogados e perguntou:
- Eu posso conversar com ele, só um pouquinho sozinha, sem vocês?
Os dois advogados olharam-se e concordaram. O casal entrou para uma sala reservada e lá ficou por mais ou menos uns quinze minutos. Quando saíram, o advogado perguntou ao seu cliente:
- E aí rapaz, o que aconteceu?
- Um acordo doutor: ela fica com os filhos, o sítio, uma parte do dinheiro no banco e mais algumas coisas.
- Mas homem, você não tava dizendo que não ia ter acordo?
O homem olhou para o advogado, com aquele sorriso de safado e disse:
- Doutor, ela fez valer a pena rsrsrs.
Dedução: obviamente ela transou com o cara dentro da sala do escritório. Vê se dá pra aguentar.

sábado, 24 de março de 2012

A MAIS IMPORTANTE CONVERSA DA MINHA VIDA

A MAIS IMPORTANTE CONVERSA DA MINHA VIDA


Sabe aquele dia, em que você simplesmente quer sumir, quer que o mundo acabe? Eu estava assim, me sentindo desse jeito. Foi quando resolvi, num fim de semana, subir uma serra. Era um lugar alto, bonito, tranquilo. De lá eu podia ter uma vista linda do vale inteiro. Armei a tenda, arrumei as coisas. Sentei-me, já perto do meio-dia, na beira de um penhasco. Não, não estava com idéia de suicídio, não era minha intenção. Eu só queria um pouco de paz. Comecei a repensar minha vida, em vários momentos dela.
Foi quando eu peguei uma pedra do chão, uma pedrinha. Fiquei olhando, admirando ela, sem um motivo especial qualquer. Uma voz dentro de minha mente falou neste momento:
- Meu filho, não temas, eu estou aqui.
Eu percebi de quem era aquela voz. Deixei a pedrinha de lado, fiquei olhando o vale. Uma brisa fina soprava, refrescando um pouco do calor.
- Senhor, eu tenho andado tão desesperado, são tantos problemas na minha vida.
- Meu filho, não temas, a cruz do madeirio, aquela que dilacerou Minha carne, foi onde Eu carreguei suas dores. Eu carrego você meu filho, todos os dias da sua vida. Você é um dos meus filhos amados, não deixarei que tu sejas abandonado.
- Senhor, mas é tanta dor, tanto obstáculo.
- Não se pode dar agora, explicações, mas tu deves confiar em Mim, que sou o teu Pai. Nunca te deixarei, não te preocupes.
- Pai...
- Meu filho, tudo será resolvido, você verá as maravilhas de minha obra dentro de tua vida. Confia.
- Eu confiarei meu Senhor.
Naquele momento, o vento parou, olhei o vale diante de mim. Meu Deus, o Senhor falou comigo. Uma paz invadiu meu coração naquele momento. Eu senti que tudo daria certo. Não haveria mais motivo para medo.
Eu confio em meu Deus.

sábado, 10 de março de 2012

A PROFISSÃO

A PROFISSÃO


Acordou, abriu os olhos naquela marra de levantar cedo, como fazia todos os dias. Olhou a esposa, bonitona do lado da cama. Levantou, foi para o chuveiro, tomou aquela chuveirada. A água morna do chuveiro deu uma relaxada. Saiu, se enxugou, pôs uma roupa e preparou o café. Bebeu um gole, deixou a garrafa com o pão arrumados sobre a mesa para que ela tomasse o café antes de ir para o serviço. Ele pegava mais cedo que ela.
Pegou a moto e saiu. O vento frio da manhã passava pela roupa, deixava-o gelado. Chegou na porta do serviço. Passou pelos dois seguranças da boca-de-fumo e os cumprimentou. Os seguranças, armados cada um com uma AK-47 e uma sigsauer na cintura, retribuíram. Ele era um gerente gente fina da boca. Mantinha os vagabundos em ordem, cuidava da cobrança (nisso ele era brabo).
Sentou-se atrás da mesa, logo de manhã, já tinha  nego viciado na porta, querendo um bagulho. Era cobrador de ônibus, pintor, lavadeira, todo tipo de gente. E ele ali, cuidando de tudo. Sua arma já guardada no canto. Ele se considerava esperto: andando de moto como trabalhador, neguinho não cismava que ele era do tráfico. A arma guardada escondida, não chamava a atenção. 
Era essa sua profissão, fazer o quê? Pobre, preto, só sabia ler e escrever porque o pai, jaguara velho, tirou ele da escola cedo, dizendo que estudo era coisa de vagabundo. A faculdade da vida é que acabou ensinando ele.
Parou de pensar, foi atender o primeiro freguês do dia.

terça-feira, 6 de março de 2012

O GRANDE MERGULHO

O GRANDE MERGULHO
 
 
Essa aconteceu com meu amigo Ronaldo, quando ainda era empresário do ramo de reciclagem de Rondônia. E vai ele, com o irmão e a família para o clube de Jaru, no interior de Rondônia. Lá chegando, se deparou com um baita tobogã, daqueles que mais parecem um edifício. Ele se virou para seu irmão, o Adelson e falou assim;
- Adelson, eu vou andar nesse negócio.
- Tá louco Ronaldo? Já viu a altura desse bicho?
Mas tudo bem, lá vai ele subindo naquele treco. Quando chegou lá em cima, Ronaldo ainda pensou se ia ou não. Foi quando passou uma menininha por ele, dos seus sete anos dizendo:
- Dá licença tio.
A menina pulou no tobogã e desceu. Ele viu e tomou coragem pensando:"imagina que eu vou perder pra uma pirralha dessas". E lá foi o Ronaldo. Sentou no tobogã e não tava descendo, foi quando um outro rapaz falou:
- Levanta um pouco, a tua sunga não tá deixando você ir.
Pra quê? O coitado não teve nem tempo de pedir socorro. Foi levantar desceu na toda, foi quando um abençoado falou:
- Cruza os braços.
E assim fez o Ronaldo. Aí, ele pegou mais velocidade, mas não se machucou quando o corpo bateu nas bordas do tobogã. Nessa hora, o Ronaldo até pensou em tentar parar, mas quando olhou pra cima, tinham mais uns três vindo logo atrás. Então, para não provocar um acidente pior, deixou correr. A cara dele, neste momento, parecia de um desenho animado, os olhos e a boca arregalados. Quando chegou na água, faltou pouco mais de dois metros para ele atingir a parede do outro lado da piscina. Assim que saiu da água, Adelson, já caindo na gargalhada, só perguntou para Ronaldo:
- E aí menino, é bom?
- Vai lá pra você ver como é bom.
- Nem por um  milhão rsrsrsrsrs.
Ronaldo só me disse depois:
- Rapaz, mas que vontade de pegar aquela menina e esganar.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

REENCONTRO


Era um barzinho no centro da cidade. Foi ponto de encontro dos dois há muitos anos, e agora, estava ele ali, para um reencontro. Ele a viu entrando pela porta do barzinho. Os anos haviam sido generosos: ela continuava bonita, elegante, com aquele charme moreno, aquele sorriso que brilhava como o sol. Sentiu seu coração disparar igual um adolescente. Era engraçado, mas só ela tinha esse efeito sobre ele. Se levantou, ela se aproximou, ele puxou a cadeira para ela e sentou-se diante dela.
- Nossa, que bom você continua linda do mesmo jeito - começou ele, tocando gentilmente sua mão.
- E você continua sendo um perfeito cavalheiro. É, a gente vai se cuidando, não pode descuidar, né? E o que você me conta de novo? - começou ela, a voz sedutora, carinhosa.
Ele contou de tudo, do casamento que não deu certo, da filha que amava, do serviço que lhe tomava o dia, mas estava indo muito bem. Ela contou do ex-marido, um "tremendo preguiçoso", que jogava tudo nas costas dela, dos filhos que também eram sua alegria, do serviço que continua uma loucura. Relembraram os bons momentos juntos, as vezes que terminaram e voltaram.
- Fico muito feliz que você tenha querido falar comigo. Estava morrendo de saudades - disse ela, tocando sua mão delicadamente.
- E eu fiquei com medo de que você não quisesse falar comigo. Senti muito sua falta.
O olhar, todo o clima. Como que se tivesse combinado pelo olhar, levantaram-se, ele pagou a conta, saíram de mãos dadas. A noite era uma criança. Reencontro.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A XÍCARA DE CAFÉ

A XÍCARA DE CAFÉ


Deixou a xícara de café fumegando em cima da mesa. Olhou para a foto na parede, ela estava tão bonita naquele mesmo vestido que usava quando o conheceu. Uma morte estúpida: cair de uma porcaria de um cavalo numa fazenda. Como pode meu Deus?
E agora estava ele ali, vendo aquele apartamento tão ajeitado, as coisas compradas com tanto carinho, tudo em seu devido lugar. E ele ali, agora sozinho, como um estranho, como um fantasma perdido sem rumo no mundo. E era realmente assim que ele se sentia.
Olhou novamente a xícara de café, fumegando em cima do píres. A bebida turva, esfriando lentamente. Fazia parte de um grande conjunto que ela havia comprado. Havia escolhido tudo à dedo. E agora estava ali, no armário, pegando espaço.Praticamente igual a ele, pegando espaço no mundo.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O MARIDO MATOU

O MARIDO MATOU
Lá estavam as fotos, a prova que sua amada esposa era uma boa duma sacana. Ela estava com um outro homem, um homem que, segundo o relatório do investigador particular que contratou, era amante dela desde antes de seu casamento. Desde antes do casamento.
Ele já estava desconfiando desde a época em que começou a estranhar as saídas dela nos horários mais inconvenientes, e na vez que ouviu ela conversando com alguém ao celular, e quando o viu, ela desligou. Quando perguntou o que houve para ela levar um susto, ela disse apenas que se assustou porque ele chegou de mansinho. Como se estivesse escondendo algo. Agora ele entendia o porque.
Aquela conversa há um ano atrás, quando ele pensou que estava convidando-a para sair, quando achou que ela gostava mesmo dele, quando achou que ela estava interessada num homem sério, num homem que a amasse e a respeitasse. Será que quando a deixou na porta do apartamento, e foi embora feliz da vida, ela subiu e foi se encontrar com o amante? Provavelmente. E muito provavelmente, eles se divertiram às suas custas, rindo dele.
Como é que não percebeu isso? É bem fácil explicar, porque é um romântico idiota, que achou que havia encontrado uma mulher que o amasse de verdade, uma mulher que quisesse uma coisa séria na vida, não só uma escada para subir no serviço. Oh sim, ele a fizera subir rapidamente na empresa, fizera com que ela fosse promovida, o mais rápido possível dentro de seu setor. Ele a fizeram, conseguira que seu salário tivesse uma melhora significativa. Era sua esposa, afinal, ele faria isso por ela mesmo.
Deus, como se sentia um idiota, um trouxa. Não havia nada que pudesse fazer quanto à isso, não havia nada que pudesse fazer para que a dor em seu coração cessasse. Ele simplesmente sentia ódio. Mas sua honra ia ser lavada, não ia ser mais um corno tranquilo. Não ele.
Puxou a gaveta de sua escrivaniknha, pegou o revólver .38, cromado. A peça de metal, polida, preta e reluzente, com cabo de madeira, pesava ems uas mãos, mas a dor dos chifres em sua cabeça pesava mais ainda. Guardou a arma no coldre na cintura, saiu de seu escritório levando junto as fotos e o relatório do investigador. Despediu-se educadamente de todo mundo, sem levantar nenhuma suspeita. Informou para a secretária que sairia mais cedo porque estava com uma enorme dor de cabeça. Chegou à garagem do prédio, entrou em seu carro e saiu. Ela já estaria lá, tinha ido viajar para a firma e na volta disse que ia parar em casa, porque estava muito cansada. Ele disse que tudo bem, não ia ter problema nenhum.
Quando chegou em casa, o carro dela estava na garagem. Caminhou silenciosamente, até a pisicina que ficava nos fundos da casa. Os dois, ela e o amante, sabiam que ele sempre demorava para chegar, porque ficava no serviço até mais tarde. Eles cronometravam o tempo que ele gastava entre sair do escritório e chegar em casa.
Eles estavam lá, se divertindo na piscina, fazendo amor como dois animais selvagens. Ele se aproximou dos dois. Ela foi a primeira a vê-lo. Tentou dizer algo, mas o grito foi abafado pelo tiro que ele disparou. O amante nem se mexeu, levou outro na testa. Ele ficou olhando os dois um instante, depois foi até seu carro. Saiu, foi até o bueiro na frente da casa, e sem que ninguém visse, jogou a arma lá dentro. Enquanto caminhava de volta, ligou para a polícia. Era a versão de um assalto. Ia ser o corno, mas não desonrado.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

UMA CONVERSA

UMA CONVERSA


Lá estava ela no bar, bebia uma cerveja gelada. Ele caminhou entre as mesas e sentou-se diante dela.
- Desculpe o atraso, eu peguei um trânsito terrível.
- Tudo bem.Eu fiquei feliz porque você me convidou.
- Pois é, eu queria conversar com você faz tanto tempo... E ficava sem jeito.
Ela pousou sua mão sobre a dele delicadamente.
- Não precisa ficar nervoso, eu gostei sim. Só achava que você não gostava de mim.
- De onde você pensou isso? Eu sempre quis falar com você, mas você sempre tão bonita, os outros rapazes do escritório sempre perto de você. Eu naõ sou exatamente um galã, né?
Ela sorriu, mostrando um sorriso lindo, bem caloroso.
- Não é disto que eu estou interessada, eu quero um homem que me complete, que seja um homem pra mim, entendeu? É fácil um cara se mostrar um garanhão, metido à gostoso, mas compartilhar algo com alguém, coisas da vida, um relacionamento é tão difícil, você não acha?
- Acho que você tem razão. Eu, ... bem, já que estamos sendo francos, eu sempre admirei você, sua beleza, sua delicadeza. Fiquei muito contente e surpreso, por você aceitar, por sua delicadeza.
- Imagina, como eu te disse, eu preciso de um homem. E você, sempre tão simpático, tão educado comigo. Se você soubesse o quanto a gente aprecia um pouco destas qualidades.
- E do que você gosta mais?
- Ah, sair, assistir um bom filme, andar de mãos dadas. Você sabe, coisas que uma moça normal gosta. E você?
- Ah, eu gosto de ler, assistir um bom filme também. Eu gosto de um bom restaurante de vez em quando. Sei lá, coisas normais também.
Conversaram um pouco mais de duas horas. Na hora de ir embora, ele a acompanhou até sua casa. Despediram-se com um beijo que mais parecia um leve roçar de lábios. Ele dentro do carro, sentia-se um passarinho, o sorriso de orelha à orelha. Nunca seu coração bateu tanto.
Quando o carro dele dobrou a esquina, ela entrou no prédio. Subiu de elevador até o seu próprio andar. Quando entrou no apartamento, seu namorado estava deitado, assistindo tv. Se levantou quando a viu e a beijou.
- E aí, o pato caiu na conversa?
- Caiu bonitinho, neste papo de mocinha recatada. Já já ele vai comer na minha mão. Cê vai ver gostoso, vou subir na firma com aquele otário me dando corda. A gente vai viver nas boas graças à ele.
Ambos riram.

domingo, 22 de janeiro de 2012

À SOMBRA DE UMA ÁRVORE

À SOMBRA DE UMA ÁRVORE


O sol batia forte naquela manhã, Eupígio parou um pouco de capinar o mato em  torno da plantação. Apoiou-se no cabo da enxada e enxugou a testa do suor. Parecia que tudo estava bem, tudo estava tranquilo. A plantação sobreviveu às últimas chuvas, e o sol estava no tempo certo para ajudar no cultivo. Olhou  para o sol, calculou que fosse mais ou menos perto da uma tarde. Almoçou à pouco mais de uma hora, sentiu o peso da comida. Talvez um cochilo fizesse bem pra ele.
Caminhou até uma frondosa árvore em cima de um morrinho. Encostou a enxada, sentou-se recostando o corpo no tronco da árvore. O peso do sono fez os olhos fecharem. O sono veio como um rastilho de pólvora, logo adormeceu.
Um tremor atingiu Eupígio acordou já escuro. Dormira demais no dia. Estava escuro, dormiu demais. Levantou-se, pegou a enxada e seguiu o caminho para casa. Morava sozinho num cásebre, à beira de um rio. Entrou em casa, antes deixando a enxada no paiolzinho. Assim que entrou, fez o jantar, um pouco de feijão de várzea, arroz e um pedaço de carne. Saboreou a comida com um gole de cachaça.
A vida era boa.

sábado, 21 de janeiro de 2012

REFLEXÕES SOBRE O ANIVERSÁRIO

REFLEXÕES SOBRE O ANIVERSÁRIO
Você, quando chega naquela data do ano que está ficando mais velho, conhecida como aniversário, começa a fazer aquele inevitável balanço de sua vida. É natural, é do ser humano. Eu, no último dia 19 de janeiro, fiz 35 aos, o que embora não seja idade de ancião, já dá para fazer um balanço mais ou menos. Quem leu minhas memórias, a primeira parte delas, que escrevi no site, já percebeu que eu tenho certas mágoas, relativamente à mudança para o Paraná. Mas também, tenho muito amor, muita coisa boa guardada, de bons momentos com a família. 
Pensando nisso, eu procuro fazer um certo exercício: retirar o negativo, por isso estou escrevendo minhas memórias,  mais para passar à limpo, desabafar estas mágoas que só atravancam a vida da gente. 
Tive muito mais coisas boas que ruins na vida, e espero que venham mais boas.É neste ponto também que o aniversário serve de um ponto reflexivo, pois das coisas boas, você sempre seleciona as melhoras. A minha infância, principalmente na parte de Minas Gerais, foi a melhor fase da minha vida. Sem nenhuma discussão.
Depois que eu fiquei mais velho, fiquei um pouco besta neste sentido, querendo as coisas só do meu jeito, mas antes, quando eu era criança, era tão feliz, e ficava feliz com pouco. Agora, aos 35 anos, tenho que me preparar para o próximo patamar, para os próximos 35, 40, 50 anos, e quando chegar no ápice, verificar o que melhor tenho para tirar do baú.
Tenham um bom dia.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

SEM COMENTÁRIOS

SEM COMENTÁRIOS
Comsiderando que ninguém posta nada, vou só escrever um pouco. Eu gosto de escrever, acho que é a única coisa que eu sou razoavelmente bom aqui. Queria ser um daqueles escritores famosos, Sidney Sheldon, Dashiel Hammett, ou mesmo Harold Robbins, mas não chego nem perto disso. Fazer o quê, né?
Bom gente, se alguém, algum dia quiser escrever alguma coisa, esteja à vontade.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

MEMÓRIAS - CAPÍTULO 11

MEMÓRIAS
CAPÍTULO - 11
A vida dá muitas voltas, mesmo quando você quer ficar parado, ela aproveita para te dar um chacoalhão daqueles. Eu estava já no primeiro ano do segundo grau, no Osvaldo Cruz, já tinha minha vida estabelecida tranquilamente, de repente, pumba. Mudança de colégio de novo. Fui para o Unidade Pólo. Novamente, um peixe fora d´água. Mas fazer o quê? A vida é assim, ela dá voltas, forma um redemoinho. Se a coisa estiver parada, ela dá um jeito de sacudir.
Fui para o colégio novo, novos colegas, as mesmas brincadeiras sem graça. A provocação babaca de sempre. Mas sobrevivi, aguentei as coisas que a vida mandava, como pude. Ao final do terceiro ano, passei raspando em conselho de classe, finlamente, estava livre, era hora de ir para a Faculdade. E foi nesse ponto, que a minha vida mudou mais uma vez. Mas isso fica para o próximo volume.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

MEMÓRIAS - CAPÍTULO 10

MEMÓRIAS
CAPÍTULO - 10
Sabe qual era a melhor parte do ano? Quando nós pegávamos o carro e saíamos para a casa dos meus avós. Eu não queria ficar no Paraná. Cada vez que íamos, eu tinha vontade de ficar em Montes Claros, não voltar. Não queria voltar para cá. Queria ficar em casa. Odeio o frio, o estilo das pessoas daqui.
Se você acha que estou sendo ingrato, porque aqui, eu tive estudo, dinheiro, então tudo bem, é um direito seu. Mas lhe digo de antemão: se eu não tivesse tido estas coisas, como poderia desejá-las? Lembre-se: eu jamais vou ter a chance de saber como seria minha vida se eu tivesse ficado por lá.
Bom, nesta época, eu já contava com onze anos, minha mãe que havia dado aula para mim no colégio de freiras, resolveu que era hora de eu ir para um colégio mais simples. Pronto, fui para o Osvaldo Cruz, do lado de casa. Lá foi muito bom durante um período. Fiquei lá da quarta série até o primeiro ano do segundo grau. Fiz alguns amigos, mas tudo sempre do mesmo jeito.
No meu caso, nunca perdi o sotaque, nunca deixei de ser mineiro. Sempre fui um estrangeiro.