segunda-feira, 17 de setembro de 2012

TENTANDO ACHAR A SOLUÇÃO

Hoje, agora, eu proponho uma coisa apra você: pense, reflita em alguma coisa que lhe agrade. é, coisas simples, relaxe, pense em coisas agradáveis para variar. Tente dizer que a vida é boa, mesmo que seja uma grande merda em que você afunde todos os dias. Afinal, você não pode culpar a vida pelos seus próprios  erros, é você quem faz suas escolhas, quem é responsável por seu destino. 
Pense em algo simples como: ver seus filhos dormindo no seu colo, tentando se sentir protegidos com você, um sorvete de casquinha, daqueles bem gostosos, num filme engraçado (uma boa comédia a la Jerry Lewis), dormindo numa rede gostosa com a brisa da tarde.Agroa que você pensou, relaxou, colocou seu espírito no lugar, pense realmente; há motivos para você se preocupar? É óbvio que tem gente que tem problemas bem mais sérios. Isso não deve ser nem discutido. O que eu quero é que você pense no seguinte: se o problema é realmente sério, será que não há um meio de solucionar isso? Não digo roubar, sequestrar, fazer uma merda qualquer. Não é esse o ponto. Mas será que você não pode resolver isso desabafando com alguém, pedindo uma grana emprestada, até o ponto que você pode pagar, tentar conseguir um emprego, tentar procurar um médico. Todas estas hipóteses são aplicáveis a diversos problemas. Portanto, é possível que você possa encontrar uma solução. Seja calmo, tranquilo, respire fundo, mantenha o terço na mão. Fé, isso é importante. Tente, você verá que a vida prossegue, e você consegue.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

CINEMA NA MADRUGADA ou SCARFACE

Madrugada, uma e meia da manhã. Insônia. Sentado diante da minha tv, na sala, uma xícara de chocolate quente, uma tigela de biscoitos (parece coisa de criança, mas eu gosto, e daí?), liguei o aparelho de tv. Lá estava ela, gostosa, linda e com uma cheirando carreira de pó, igual uma louca. A bela Michelle Pfeiffer, juntamente com Al Pacino, no muito emblemático e cult "Scarface". Era legal ver ele, no papel de refugiado cubano, à serviço do veterano Robert Loggia, com tesão pela mulher do cara, e tentando se manter como o chefão das drogas em South Beach.
Mas aqui, eu fico comparando com o filme original de 1930, com Paul Muni e Bóris Karloff, o interessantíssmio Scarface - a vergonha de uma nação. O filme era baseado num livro, que por sua vez, foi inspirado na vida do violento Al Capone. A sugestão de incesto, tão escancarada na versão de Brian De Palma, bem com as cenas de ação, mesmo para os tempos de hoje, aind continuam belíssimas. Tony Camonte (o personagem original), não perdeu em nada, o brilho de bandidão. Comparando as duas versões, embora alguns mais severos entendam o trabalho de De Palma, inferior ao original (não me enquadro entre eles), eu considero as duas de uma qualidade ímpar. A versão original, escancarou exatamente aquilo que as autoridades da época não queriam deixar tão evidente, e hoje é até lugar comum: a luta desigual contra a criminalidade, enraigada em nossa cultura de massa. Já a versão de De Palma, só mostrou o nível de violência à que os chefes da droga chegam para não perderem seu reinado.
Bom, em ambos os casos, o protagonista encontra seu ocaso, parafraseando uma frase bem conhecida "rei posto, rei morto".
Aqui vai minha dica para a madrugada.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

CORRIDA

Os pés firmes, movendo-se em compasso, o ar entrando nos pulmões. Sempre neste compasso. Não corre para competir, em alta velocidade (também chamada de corrida de explosão), corre simplesmente num passo mais acelerado. Passando pelos outros atletas amadores que estão no bosque, sem necessidade de nada, de nenhum pensamento. Uma moça bonita olha para ele, um sorriso delicado. Ele retribui, resolve aperar o passo, tentar se aproximar. 
Parece uma coisa engraçada, a mulher percebe que um homem tá querendo ela, e a filha da mãe resolve ir mais rápido. Ele acelera, vai se aproximando. Ela corre um pouco mais devagar, um pouco mais tranquila. 
- Oi, tudo bem? pergunta ele, já do lado dela.
- Oi, e aí, fazendo uma caminhadinha básica? - responde ela, com um sorriso que parecia um farol.
- É, um pouco. E você?
- Tenho que manter a forma, né? E aí, tá afim de um programinha?
Era uma garota de programa. Que beleza. Ele poderia dizer que não, que fosse para a merda, mas se considerasse que estava com mais de cinquenta anos, careca, uma barriga ainda meio grande, não poderia ter muita esperança de pegar uma gatinha destas na boa.
- Beleza, quanto?
Ela se aproximou.
- Faço bem baratinho, vamos pra outro lugar.
Eles saem da pista de corrida, entram no carro dele. Afinal, com uma gata daquelas, quem precisa de corrida?

terça-feira, 28 de agosto de 2012

NOTÍVAGO

Alta madrugada. Foi até a janela, acendeu o cigarro, ficou ali, fumando olhando o movimento da rua da janela do apartamento. Um ou outro carro, ocasionalmente uma prostituta caminhando, um ou outro transeunte. Nunca muita gente, a solidão.
Teria que ir num médico em breve, isso estava se tornando recorrente. Dormia pouco, e quando acordava, quase sempre atrasado, estava com sono. O cansaço, não conseguia desenvolver bem o trabalho. Motivos para isso, um milhão deles: o divórcio, a situação crítica da empresa onde trabalhava, correndo o risco de ir pra falência, a ausência de sexo, o regime forçado, tudo obrigando-o, pressionando-o. Sentou-se numa poltrona ao lado da janela. A luz do poste brilhando, entrando pela sala do kitchnete.
Esfregou a cabeça cansado, o dia não chegava, o sono não vinha. Cansaço, puro e simples. O estado crítico de sua mente. Em breve, acabaria esgotado. 
Não sabe em que momento, mas acabou dormindo, quando acordou sobressaltado, o dia já vinha começando a se insurgir pela janela. Levantou-se, viu a hora, espantou-se que não estava atrasado. Tomou um banho, preparou um café rápido, vestiu-se. Quando chegou na rua, e parou no ponto de circular, ficou olhando o movimento da rua. Quem sabe hoje à noite conseguiria dormir?

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

A BEBERAGEM

Para os não acostumados com o temo, beberagem é uma mistura, tipo um remédio feito à base de ervas naturais que curam segundo os antigos, qualquer tipo de doença, ou tenham outras finalidades menos nobres como o aborto, ou mesmo auxiliam em vários tipos de problemas como impotência. É neste último aspecto que nós vamos contar uma história interessante no interior de Rondônia.
Isso aconteceu em Jaru, nos idos de 2000, quando dois amigos, Rolando e Clemêncio, foram numa feira destas populares, onde se compra de tudo, galinha, carne, queijo caseiro, e principalmente remédios naturais. Rolando e Clemêncio, eram sócios numa firma de importação de polpa de frutas, comercializavam a polpa de frutas como açaí, pupuaçu, entre outras. Vieram do Paraná, onde deixaram as esposas e os filhos, aguardando, enquanto encontravam casa e escola. Até aquele momento, ambos estavam morando num hotel no centro de Jarú, cada qual ocupando um apartamento e a solidão de ficarem por ali sozinhos. Pois bem, Rolando havia ouvido falar que na feira de Jaru, iria encontrar uma beberagem de ervas cuja natureza era de deixar a pessoa mais animada, sem depressão. E por isso foram lá, esperançosos de encontrar o remédio. No meio da andança, Clemêncio, em meio à confusão de barracas encontrou a dita cuja que vendia remédios feitos à base de ervas.
- É ali Rolando, é aquela ali ó - disse ele, apontando o lugar.
Foram para a barraca, onde uma índia que devia ter mais de cem anos, pitava num velho cachimbo.
- Ô minha tia, que é que tem nessa garrafa aqui? perguntou Rolando, apontando uma das várias garrafas, esta com um líquido escuro, cheio de folhas e raízes.
- Tem de tudo fio; guanina, nó de cachorro, guaraná...
- Levanta o moral da gente? perguntou Clemêncio, já segurando a garrafa nas mãos. 
- Ô, e como fio. São vinte reais.
Compraram e levaram. A garrafa ficou na geladeira do escritório. E os dois, doidos pra aliviarem a tristeza, foram bebendo o negócio. Lá pela metade do dia, quando já tinham mandado mais da metade da garrafa pra dentro, apareceu um vendedor amigo dos dois de nome Tobias. Eles estavam negociando algumas sacolas plásticas para embalar a polpa congelada, quando ele perguntou se podia tomar uma água. Rolando falou que ele podia se servir da geladeira. Quando o vendedor abriu e se deparou com a garrafa, virou-se para os dois.
- Ô gente, sem querer me meter, mas vocês tem um hárem?
- Não Tobias, tá doido? Por quê? perguntou Clemêncio, enquanto marcava o montante da encomenda.
- Cês tão tomando esse negócio aqui, né?
- Sim, a dona falou que isso levanta o moral, e a gente, com saudades da família, tava precisando - justificou-se Rolando.
- Seus doidos, isso aqui é pra homem broxa. Cês vão ficar que nem tarado na porta de puteiro.
Rolando virou-se pra Clemêncio e disse categórico:
- Fodeu.
Literalmente, por sinal. Os efeitos da beberagem se fizeram sentir naquele mesmo dia, Rolando, pra dormir, teve que tomar banho gelado, e jogar a solitária três vezes. Clemêncio disse que a dele foram quatro. Quando viram que não ia dar para aguentar mais nada, um deles, Clemêncio, falou:
- Rapaz, eu vou pro Paraná, vou ver a mulher. Vou me internar com ela num motel bicho, não tô aguentando.
- Tô contigo, vou já pra lá - concordou Rolando.
Ficaram um fim de semana. Depois que voltaram, jogaram o resto da beberagem, o negócio era perigoso.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

VIAGEM AO MATO GROSSO

Ficou olhando a paisagem, enquanto mijava na árvore à beira da estrada. Fazia um calor daqueles, embora o cerrado, quase pantaneiro do Mato Grosso do Sul, estivesse verde. Quilômetros e quilômetros de pasto, de plantações de trigo. Ao longo da rodovia, uns quinze quilômetros para frente, um acampamento do MST. Até ali no Mato Grosso, aquele povo tava lá, enchendo o saco. Só sabiam fazer invasão.
Ele terminou, fechou o zíper e entrou no carro. A estrada continuava, reta, o asfalto liso.
Quando vinha ao Mato Grosso do Sul, sempre sentia que estava em outro mundo, tão diferente do Paraná, com aquele clima frio, um povo tão estranho, distante, frio. Pensou em como seria bom ficar por ali, vivendo em alguma cidade bem tranquila.
Passou pelo acampamento do MST, o povo todo parado, sem fazer nada. Nenhuma plantação, nenhuma cabeça de gado, as crianças correndo para todo lado. Onde estavam as escolas, onde estavam as melhorias, as  casas? Afinal, o que aquele povo estava fazendo ali, sem produzir nada? 
Parou de pensar neles, e continuou a viagem, tinha que chegar em Naviraí, entregar uns documentos na repartição. Um trabalho meio chato, mas pelo menos, permitia que ele viajasse, saísse do escritório de vez em quando. Quando entrou na cidade, tudo estava tranquilo, era uma cidade bem arrumada, bem estruturada, com um padrão de vida que parecia muito melhor do que o de onde ele morava.
É, dava vontade de ficar por lá mesmo.

terça-feira, 10 de julho de 2012

BRINCANDO COM BOLHAS DE SABÃO

Fiquei parado ontem, olhando minha filha brincando com bolhas de sabão no quintal da casa do meu sogro. O sorriso tranquilo, inocente, divertindo-se com aqueles fragmentos de ar enclausurados. Uma coisa tão simples, tão ingênua, e naquele momento, me pareceu um momento tão mágico quanto para ela. Às vezes, é bom perder um pouco de tempo com atividades tranquilas, com os filhos, com o cachorro ou gato de estimação. São momentos que nos fazem voltar à infância, e nos lembram dos tesouros que carregamos no báu da memória.
Olhando para ela, brincando e correndo, soltando suas bolhas de sabão pelo quintal, tentando assustar (sem n enhuma maldade no ato), as cachorrinhas minúsculas, eu mesmo vagueio um pouco pela minha própria mente. Sinto saudades dos tempos de moleque, garotinho em Minas Gerais (lá não existe o termo piá, tão comum aqui no Sul), quando brincava de bola com a garotada, até perto das oito da noite. Corríamos pelas ruas de terra do bairro, saboreando um refrigerante na venda do seu Antônio, brincando de pique-esconde.
Por que a gente deixa tudo isso de lado quando fica adulto? Por que criamos tantas responsabilidades? Será essa incessante mania do ser humano de sempre querer correr? Talvez.
No momento, não quero ficar pensando nestas questões, só quero ficar olhando minha filha brincar, enquanto eu mesmo evoco minha própria infância.