sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

DA ARTE DE COMER.

DA ARTE DE COMER


Era um comedor compulsivo, comia e comia bem de tudo um pouco. Não era à toa que estava pesando algo em torno de cento e cinquenta quilos. Se ia num churrasco, acabava quase com o estoque de carne, se ia num rodízio de pizza, acabava com o estoque. Enfim, era um comilão.
No entanto, um dia, começou a sentir fortes dores no peito. Foi ao médico, o diagnóstico foi categórico;
- Ou emagrece, ou morre.
E assim ele ficou, fez regime, dieta, emagreceu trinta, quarenta, cinquenta quilos. Mas no íntimo, continuava não se sentindo bem. A comida preenchia um espaço em sua vida. Já não ia mais nos churrascos, nas pizzarias, não passeava. Ficou recluso. Foi quando num dia, olhou para si mesmo no espelho: estava abatido, o rosto sulcado por marcas de expressão. "Que se dane". Foi embora, entrou numa lanchonete. Comeu, comeu igual um condenado.
Sentiu o coração doer. Ele não queria parar, porque se parasse, ia ser um morto-vivo, então, era preferível comer, e morrer feliz, do que não comer e viver igual um zumbi.

Nenhum comentário:

Postar um comentário