terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O HOMEM DE MONTES CLAROS

O HOMEM DE MONTES CLAROS


Ele desceu do ônibus na rodoviária daquela cidade paranaense. Veio com a leva dos nortistas que procuram emprego no Sul, uma vida melhor. Pelo menos era assim que parecia. Viera de Montes Claros, norte de Minas Gerais, com uma mochila a qual segurava como se houvesse muito dinheiro nela. Trazia no bolso da calça surrada, o endereço de uma pessoa que devia procurar, e era urgente que o fizesse.
Pegou um táxi na porta da rodoviária, chegou num hotel. Ao pegar um quarto, dormiu como um bebê. No outro dia, tomou café e comeu como quem tem uma fome de onça. Ao chegar na portaria, perguntou ao rapaz da portaria, se o endereço era perto. O rapaz leu e disse:
- É aqui pertinho, o senhor pode ir à pé.
Ele agradeceu, seguiu pela avenida indicada pelo rapaz. O endereço era de uma casa grande, bonita. Tocou o interfone, uma voz de homem atendeu:
- Pois não.
- É a casa do senhor Matias Atarchesse? perguntou ele, o sotaque mineiro traindo sua origem.
A voz do outro lado do interfone, pareceu titubear antes de responder:
- Sim, sou eu.
- É hora do acerto. O senhor sabe do que eu estou falando.
O interfone ficou mudo, o portão foi aberto. Ele entrou, ajeitando a camisa. O homem que ele procurava, estava parado na porta da casa, diante dele. Não parecia em nada assustador como lhe disseram, não parecia em nada, com a fera assassina que havia dizimado sua família há dez anos. Não se parecia em nada com o criminoso poderoso, que sumira anos atrás de Montes Claros.
- Olha, eu não sei o que eu devo ter feito para você, mas não dá para esquecer? Eu já não tenho nada haver com aquele criminoso, eu me estabeleci aqui, sosseguei. Por favor, qualquer coisa, eu tento compensar...
Ele não chegou a terminar a última frase, viu o que o rapaz vindo de Montes Claros trazia na mão: um velho .38 smith & wesson, seis tiros. O metal brilhante e reluzente. Disparou um único tiro, entre os olhos daquele  homem.

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