quinta-feira, 24 de novembro de 2011

SEPARAÇÃO - Ô CASO COMPLICADO

SEPARAÇÃO, Ô CASO COMPLICADO


Um dia, estávamos eu e um colega na cantina do Fórum, conversando sobre ramos do Direito. Eu atualmente, estou trabalhando nas áreas cível, trabalhista e previdenciário, e o colega mexendo só com a área criminal. Eu me virei para ele e disse:
- Rapaz, como é que você aguenta mexer com isso? Só ver aquela bandidagem, estupradores, assassinos, ladrões, traficantes. Só o de pior da raça humana.
- Colega, você nem imagina, tem área pior que essa sim. Mexe com direito de família, principalmente com separação para você ver. Eu mesmo, mexia um pouco com isso, depois do que me aconteceu no último divórcio que eu me meti, acabou, nunca mais mexi com isso.
- O que foi que aconteceu? perguntei, enquanto os cafezinhos que pedimos, chegaram.
- Eu tinha meu escritório naquele prédio antigo, no centro da cidade, quando um rapaz entrou pelo meu escritório. Mas rapaz, o homem estava todo arrebentado, o rosto parecia que tinha sido passado no asfalto, o braço direito tava enfaixado, os olhos roxos como se tivesse levado uma cacetada. Levei até um susto, daí perguntei pra ele:
"- Pois não, em que posso ajudar?
"O rapaz sentou numa cadeira e começou a me contar o caso dele:
"- Doutor, eu quero me separar da minha mulher, a miserável fez isso comigo doutor. A mulher me arrebentou no cacete ontem, me deixou como se eu tivesse tido uma briga com o Maguila. Doutor, pelo amor de Deus, fala com ela, eu quero me separar.
"Prometi que ia dar uma olhada no caso dele. Liguei para a mulher, quando falei que era o advogado do marido dela, e que ele queria comentar sobre o divórcio, a mulher começou a xingar tanto palavrão pelo telefone, que eu tive que afastar o bicho pra poder ouvir numa boa. Ela se acalmou, e veio no escritório, mas foi só ver o coitado do homem, que veio pra cima dele, rapaz a mulher foi descendo o braço nele, e o coitado só tentava proteger o corpo. Quando consegui acalmar ela, fazer os dois assinarem as procurações, fazer um acordo equitativo, levei os dois no Fórum. Naquele tempo, não tinha esse negócio de divórcio extrajudicial, tinha que ser pelo juiz, de qualquer jeito. O cartório já levou o pedido assinado pelos dois, pra que o juiz fosse analisar. Tudo bem, chamou os dois. Quando perguntou pro rapaz, ele falou que queria mesmo. Agora, quando foi entrevistar ela, o miserável caiu na besteira de perguntar:
"- Mas a senhora tem certeza que quer se separar? Eu não estou sentindo firmeza nesta sua afirmação.
"Pronto, a mulher começou a chorar, lavou a mesa do juiz. Eu fui saindo de fininho por um lado, e o cliente por outro. Sei que no fim das contas, o juiz mandou vir de novo, aí ela confirmou. Mas rapaz, nunca mais mexo com separação".
Tomamos o café, enquanto eu ria da história. Logo o colega bateu no meu braço, e foi dizendo:
- Deixa eu ir, que eu tenho que cuidar dos meus bandidos.
Nos despedimos e ele foi para a sala de audiências da vara criminal.

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