segunda-feira, 21 de novembro de 2011

CAFÉ DA MANHÃ

CAFÉ DA MANHÃ


Sentou-se á mesa, diante dele a xícara de café fumegante de todos os dias. Não conseguia começar o dia se tomar seu cafezinho. Era uma manhã de sábado, não tinha que ir para a repartição, a esposa estava visitando a irmã doente, e os filhos não moravam mais com eles. Era engraçado como a vida correu tão rápido naqueles trinta e tantos anos de casamento. O casamento, o emprego na repartição, a gravidez da esposa, o nascimento dos dois filhos. Os primeiros passos deles, as primeiras palavras. As primeiras notas do colégio, as reuniões, as broncas pelas traquinagens.
Diante daquela xícara de café, ele relembrou todos os momentos dos últimos anos: o falecimento dos pais, primeiro o pai, depois a mãe, o falecimento dos sogros. As noites de tristeza, por sua própria dor, a dor de sua esposa. Agora, os filhos crescidos, a mulher fora de casa, um silêncio quase agoniante.
Pegou a xícara, sorveu o café fumegante, num sôssego que fazia tempo, não lhe acometia há muitos anos. Repassando os acontecimentos, enquanto tomava o café, percebeu sua vida fora intensa, e que ainda tinha muito para contribuir. logo, teriam os netos, e ele queria curtir cada um dos momentos deles.

Nenhum comentário:

Postar um comentário