sexta-feira, 18 de novembro de 2011

CAMINHOS PASSADOS

CAMINHOS PASSADOS


Cruzou o portão de entrada, os passos hesitantes, o coração palpitando nervoso. Fazia tanto tempo que não vinha ali, que não respirava aquele ar. Coisas que o tempo não apaga. 
A casa estava deserta, ninguém morava mais lá há muitos anos. Mas ia mudar, ia voltar para casa. De onde nunca devia ter saído. Pequeno, seu pai em busca de melhores oportunidades, pegou a família e foi para o sul. Lá, ganhou dinheiro, mas não foi tão feliz à exceção de alguns momentos de sua vida (casamento, nascimento da filha). Mas nada tão gostoso quanto ficar na roda de familiares, com os biscoitos saindo do forno à lenha que sua avó tirava do forno à lenha. Nada tão gostoso quanto pular do pé de caja no quintal, aterrisando no estrado de uma cama que seu avô colocava no quintal à sombra da árvore. Nada no sul era tão gostoso quanto o São João, com as fogueiras na porta das casas, a conversava animada rolando solta.
Caminhou pela casa, foi até o quintal do fundo, onde seu avô havia feito uma pequena varanda, com a cozinha que a avó utilizava preparando uma culinária de dar água na boca de qualquer um. Num canto do quintal, onde o terreno já não mostrava mais nenhum sinal, outrora havia um velho poço, soterrado quando ligaram a água encanada na casa. As bananeiras ao fundo, agora apenas tocos podres, de onde outrora vicejavam cachos maduros.
Sentiu a mão da esposa em seu ombro, virou-se. Ela lhe sorria.
- Feliz agora?
- Sim, de volta pra casa, graças à Deus.

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