sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O MARIDO MATOU

O MARIDO MATOU
Lá estavam as fotos, a prova que sua amada esposa era uma boa duma sacana. Ela estava com um outro homem, um homem que, segundo o relatório do investigador particular que contratou, era amante dela desde antes de seu casamento. Desde antes do casamento.
Ele já estava desconfiando desde a época em que começou a estranhar as saídas dela nos horários mais inconvenientes, e na vez que ouviu ela conversando com alguém ao celular, e quando o viu, ela desligou. Quando perguntou o que houve para ela levar um susto, ela disse apenas que se assustou porque ele chegou de mansinho. Como se estivesse escondendo algo. Agora ele entendia o porque.
Aquela conversa há um ano atrás, quando ele pensou que estava convidando-a para sair, quando achou que ela gostava mesmo dele, quando achou que ela estava interessada num homem sério, num homem que a amasse e a respeitasse. Será que quando a deixou na porta do apartamento, e foi embora feliz da vida, ela subiu e foi se encontrar com o amante? Provavelmente. E muito provavelmente, eles se divertiram às suas custas, rindo dele.
Como é que não percebeu isso? É bem fácil explicar, porque é um romântico idiota, que achou que havia encontrado uma mulher que o amasse de verdade, uma mulher que quisesse uma coisa séria na vida, não só uma escada para subir no serviço. Oh sim, ele a fizera subir rapidamente na empresa, fizera com que ela fosse promovida, o mais rápido possível dentro de seu setor. Ele a fizeram, conseguira que seu salário tivesse uma melhora significativa. Era sua esposa, afinal, ele faria isso por ela mesmo.
Deus, como se sentia um idiota, um trouxa. Não havia nada que pudesse fazer quanto à isso, não havia nada que pudesse fazer para que a dor em seu coração cessasse. Ele simplesmente sentia ódio. Mas sua honra ia ser lavada, não ia ser mais um corno tranquilo. Não ele.
Puxou a gaveta de sua escrivaniknha, pegou o revólver .38, cromado. A peça de metal, polida, preta e reluzente, com cabo de madeira, pesava ems uas mãos, mas a dor dos chifres em sua cabeça pesava mais ainda. Guardou a arma no coldre na cintura, saiu de seu escritório levando junto as fotos e o relatório do investigador. Despediu-se educadamente de todo mundo, sem levantar nenhuma suspeita. Informou para a secretária que sairia mais cedo porque estava com uma enorme dor de cabeça. Chegou à garagem do prédio, entrou em seu carro e saiu. Ela já estaria lá, tinha ido viajar para a firma e na volta disse que ia parar em casa, porque estava muito cansada. Ele disse que tudo bem, não ia ter problema nenhum.
Quando chegou em casa, o carro dela estava na garagem. Caminhou silenciosamente, até a pisicina que ficava nos fundos da casa. Os dois, ela e o amante, sabiam que ele sempre demorava para chegar, porque ficava no serviço até mais tarde. Eles cronometravam o tempo que ele gastava entre sair do escritório e chegar em casa.
Eles estavam lá, se divertindo na piscina, fazendo amor como dois animais selvagens. Ele se aproximou dos dois. Ela foi a primeira a vê-lo. Tentou dizer algo, mas o grito foi abafado pelo tiro que ele disparou. O amante nem se mexeu, levou outro na testa. Ele ficou olhando os dois um instante, depois foi até seu carro. Saiu, foi até o bueiro na frente da casa, e sem que ninguém visse, jogou a arma lá dentro. Enquanto caminhava de volta, ligou para a polícia. Era a versão de um assalto. Ia ser o corno, mas não desonrado.

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