sexta-feira, 6 de julho de 2012

AS ÁRVORES DO POMAR

Não posso dizer que tenha sido uma noite tranquila para mim, embora o sítio repousasse naquele sono gostoso da madrugada. Eu caminhei pela casa pequena do sítio. Andei pela sala, pela cozinha, onde tomei um gole de água da moringa, voltei ao nosso quarto. Berbela dormia na cama, o sono tranquilo. A beleza de seu rosto me dando aquela sensação de conforto, de sossego. Fiquei encantado um minuto com ela, mas voltei para a sala, não querendo atrapalhar seu sono.
Abri a janela, na esperança de que o ar fresco da noite me desse sossego. Eu não entendia a razão daquele desasossego, daquele desconforto. Era um afogueamento, um nervoso, um não sei que porcaria me tirando a tranquilidade da madrugada. E o pior é que eu teria que trabalhar no outro dia, mas não entendia aquela sensação.
Foi quando olhei as árvores do pomar, tão tranquilas, projetando suas sombras no terreiro do quintal. Eram grandes, mas sem serem enormes, eram um remanso naquele mar noturno. No alto de um pé de jaboticaba, uma coruja piou tranquila, enquanto eu  ficava olhando. Num outro canto, deu para ver um saruê passando pelo terreiro, trazendo alguma coisa pela boca, provavelmente, a comida. 
Todo esse movimento, toda essa flora, essa fauna. Eu andei olhando com calma, durante um tempão. Quando dei por fé, o sol já vinha no horizonte, com aquele brilho. Nesta hora, desejei ser como as árvores no pomar, quietas, plácidas, tranquilias. E não um homem, inriquieto, nervoso, um animal que se sente sempre acuado.
Parei com meus pensamentos, era hora de trabalhar.

Um comentário:

  1. É a insonia da madruga. As vezes fico acordado, observando o meu gato, a ganhar a madrugada. Alguma coisa assim, que não se sabe o que é, atormenta... Os pensamentos se encontram como um acerto de contas, daquilo que podia ser e não foi... As incertezas... Dúvidas... Devoram o que seria uma boa noite de sono. É nesse silêncio que nos escutamos melhor. Acho que todo homem tem esses tormentos noturnos... Por diversos motivos. As vezes a ansiedade comendo o ferro do coração que nem maresia, nos tira a noite de sono. Quando eu fumava cigarros, eles eram grandes companheiros...

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