sábado, 10 de março de 2012

A PROFISSÃO

A PROFISSÃO


Acordou, abriu os olhos naquela marra de levantar cedo, como fazia todos os dias. Olhou a esposa, bonitona do lado da cama. Levantou, foi para o chuveiro, tomou aquela chuveirada. A água morna do chuveiro deu uma relaxada. Saiu, se enxugou, pôs uma roupa e preparou o café. Bebeu um gole, deixou a garrafa com o pão arrumados sobre a mesa para que ela tomasse o café antes de ir para o serviço. Ele pegava mais cedo que ela.
Pegou a moto e saiu. O vento frio da manhã passava pela roupa, deixava-o gelado. Chegou na porta do serviço. Passou pelos dois seguranças da boca-de-fumo e os cumprimentou. Os seguranças, armados cada um com uma AK-47 e uma sigsauer na cintura, retribuíram. Ele era um gerente gente fina da boca. Mantinha os vagabundos em ordem, cuidava da cobrança (nisso ele era brabo).
Sentou-se atrás da mesa, logo de manhã, já tinha  nego viciado na porta, querendo um bagulho. Era cobrador de ônibus, pintor, lavadeira, todo tipo de gente. E ele ali, cuidando de tudo. Sua arma já guardada no canto. Ele se considerava esperto: andando de moto como trabalhador, neguinho não cismava que ele era do tráfico. A arma guardada escondida, não chamava a atenção. 
Era essa sua profissão, fazer o quê? Pobre, preto, só sabia ler e escrever porque o pai, jaguara velho, tirou ele da escola cedo, dizendo que estudo era coisa de vagabundo. A faculdade da vida é que acabou ensinando ele.
Parou de pensar, foi atender o primeiro freguês do dia.

Um comentário: